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O Crucifixo e o Ovo da Páscoa

  • Foto do escritor: VOBISCUM
    VOBISCUM
  • 14 de abr. de 2020
  • 4 min de leitura

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Durante a Páscoa, a mistura do benevolente com o horrendo revela o antagonismo da religião para a vida humana. Para a maioria das pessoas que as celebram, as festas de Páscoa passarão, como todos os anos, sem que ninguém as analise em profundidade nem questione suas tradições ou o seu real significado. Em parte, serão lembradas como uma celebração basicamente agradável e alegre; mas também como festas religiosas, associando a parte benevolente da Páscoa com uma mensagem religiosa, e isso é um erro grave. As festas da Páscoa mostram uma enorme contradição: o choque grotesco da celebração secular da felicidade, misturado com a adoração religiosa do sofrimento. É hora de entender o verdadeiro significado deste feriado, e questionar a mensagem de auto-sacrifício que sempre transmitiu. A parte mais agradável do feriado da Páscoa é o seu lado secular; a festa, não de Jesus, mas sim do "Coelho da Páscoa". Famílias e amigos reúnem-se, vestidos com suas melhores roupas, e apreciam os vistosos banquetes familiares; as crianças, animadas, participam das buscas por tesouros, achando ovos coloridos brilhantes e cestas repletas de chocolate. O ambiente desta celebração secular é de uma benevolência alegre e contagiante. No entanto, essas tradições não têm nenhum fundamento no sentido religioso da Páscoa; na verdade, essas festas são um legado da era pré-cristã. A palavra "Páscoa" vem do nome anglo-saxão de uma deusa que personificava a primavera, “EE-ah-tra” (mais tarde chamada de Eostre). Foi esta festa pré-cristã que nos deu o Coelho da Páscoa (um símbolo da fertilidade e da fartura) e os ovos da Páscoa, cujas marcas brilhantes representam as cores do nascer do sol. A Páscoa original celebrava o retorno do calor, da luz solar, e das folhas verdes após um longo inverno. Era uma celebração da alegria de viver na Terra. Quando os primeiros missionários cristãos tentaram converter os pagãos, eles permitiram que mantivessem esta festa, mas acabaram injetando nas suas cerimônias um significado completamente oposto. A mensagem religiosa enxertada na Páscoa foi a história da crucificação de Jesus e da sua ressurreição dentre os mortos. A essência dessa história já não era a alegria de viver, mas sim a adoração do sofrimento e do sacrifício. Somos todos pecadores, segundo o Cristianismo, e Jesus escolheu sofrer uma morte lenta e agonizante na crucificação para redimir nossos pecados. Nosso objetivo moral - nos dizem - deveria ser seguir o exemplo de Jesus. Assim, o herói da moral cristã - o santo - é a pessoa que renuncia a todos os seus interesses e valores pessoais. Para concretizar o significado nocivo desta mensagem, considere o seu efeito em uma criança que está sentada na igreja no domingo de manhã durante a Páscoa. A criança, com certeza, tem algumas posses que valoriza - uma bicicleta, um brinquedo favorito, um livro - mas, diz-lhe o sermão, que Jesus desistiu dos bens materiais e escolheu viver na pobreza. A criança talvez já saiba até qual carreira deseja seguir - por exemplo, montar um negócio e se tornar um empresário da alta tecnologia - mas, no sermão dizem-lhe, que Jesus se dedicou, não aos seus próprios objetivos e aos seus interesses egoístas, mas sim à missão estabelecida para ele por Deus, mesmo que isso signifique sofrer e morrer. Se a criança tem idade suficiente para começar a pensar em envolvimentos amorosos, dizem-lhe que Jesus era puro porque rejeitou a tentação "pecaminosa" do sexo. E se essa criança começar a questionar o que lhe estão ensinando, o lembrarão que Cristo, na véspera da sua crucificação, desistiu das suas dúvidas e colocou a sua vida nas mãos do seu Criador. O Cristianismo ensina o homem a considerar como pecado todos os valores que fazem com que a sua vida valha a pena ser vivida: suas posses, a sua carreira, o seu corpo, a sua mente independente. E durante todo esse tempo, rebaixando essa mensagem, aí está a onipresente figura do Cristo na cruz. Esse é o verdadeiro símbolo da mensagem religiosa da Páscoa: não coelhinhos, fartura ou ovos da Páscoa, mas sim o corpo arrasado de um homem imolado pregado em uma cruz, com sangue fluindo de suas feridas, lágrimas correndo pelo rosto e espinhos a espetar sua testa. É o símbolo máximo do sacrifício. A maioria das pessoas aceita este ideal, não só como o Bem, mas como um sinônimo da moralidade. Mas isso seria o correto? Temos de questionar uma filosofia moral que nos diz para encontrar coragem na destruição das coisas que valorizamos. Devemos rejeitar a adoração do sacrifício a favor de uma moralidade baseada na realização de valores: tal moralidade teria como seu ideal, não a morte na cruz, mas sim uma carreira produtiva, uma plena e intensa relação romântica, e o nascimento uma mente independente. Seria uma moralidade baseada nos requisitos de sucesso e felicidade neste mundo. Seria uma moralidade que nos ensina, nas palavras da filósofa Ayn Rand, "não a sofrer e a morrer, mas sim a desfrutar e a viver". Uma moralidade de sacrifícios ou uma moralidade de conquistas: essa é a alternativa que representam durante a Páscoa os símbolos opostos do crucifixo e do ovo da Páscoa. Temos que decidir qual símbolo - e qual ideal - escolhemos, para viver ou morrer por ele.

Texto de Robert w. Tracinski

 
 
 

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✠In Nomine Dei Nostri Satanas Luciferi Excelsi✠

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