Um deserviço chamado Vick Vanilla
- VOBISCUM

- 13 de mar.
- 4 min de leitura

Victor Stavale surgiu na Internet em meados de 2022 sob o pseudônimo de Vicky Vanilla e se apresentou como sacerdote da Igreja Luciferiana do Novo Aeon. O dito "satanista" tomou espaços em podcasts, se envolveu em diversas polêmicas e após ganhar notoriedade, se declarou convertido ao Cristianismo, prometendo abrir sua própria Igreja. A guinada não parou na questão religiosa: Vanilla passou a militar fervorosamente em nome de causas neonazistas.
Victor é um bizarro palimpsesto de imposturas. De drag queen a satanista. De satanista a pastor. De pastor a neonazista. O embuste usa suas redes para propagar a causa supremacista e atacar minorias. Nos últimos dias, após denúncias de Júnior Freitas, militante do PSOL, Vanilla teve suas contas suspensas no Instagram. O perfil principal contava com mais de 370 mil seguidores, já seu segundo perfil tinha mais de 20 mil seguidores.
Em um dos vídeos, Vanilla promete: “Eu vou criar o primeiro partido da causa ariana no Brasil”.
O grupo, intitulado “Guardiões do Graal”, reúne mais de 1 800 pessoas e descreve o espaço como “Grupo de divulgação de conteúdo proibido pelo sistema”. Vanilla aparece com as inicias M.V e nos textos enviados há conteúdos como a foto que mostra uma criança morta no colo de um soldado. O registro possui as seguintes conclusões: “Norte-Coreano comunista levou chumbo grosso dos ucranianos. Espero que aconteça no Brasil”.
Em outro trecho, M.V diz que a solução para São Paulo seria criar um decreto oficial do "Dia do Baile Funk", e então esperar a concentração de pessoas em uma grande festa em comemoração da data para que helicópteros sobrevoando o local descarregassem bombas para eliminar os participantes do evento.

Em outro momento também, um conteúdo mais ameaçador é levantado na conversa: M.V anuncia que muito em breve haverá o que ele diz ser “transformações no Brasil”, em seguida conta que está em contato com grupos do Leste Europeu e que iria para a região em Dezembro. Ele diz que, quando voltasse, iria liderar grupos “Anti-Esquerdistas”. Termina ainda em tom triunfal: “quem estiver conosco, triunfará na Nova Brasilis, quem estiver contra sucumbirá pela nossa destra”.
Em outro episódio, Vanilla compartilha um vídeo de Neymar ensinando crianças a dançarem funk. Então Vicky brada: “De que adianta fazer filho branco para isso? Um gorila desses ganhando milhões, enquanto a maioria aqui com um salário mínimo. Até quando vamos aguentar?”
O líder neonazista gravou vídeos, no ano passado, sugerindo que seus seguidores lessem o “Mein Kampf”, de Adolf Hitler, e a obra de David Duke, supremacista estadunidense que liderou a Ku Klux Klan. No conteúdo, ele sentencia: “Se o governo falar que é proibido, pau no cu do governo”.
Na sequência, Vanilha fez um outro vídeo em que confrontava o ministro do STF, Alexandre de Moraes. Vestindo uma camiseta com o Sol Negro (símbolo nazista), diz em tom afetado: “Fala, Xandão, quer bloquear as redes sociais, seu cuzão? Seu comédia do caralho. Já não basta o processo que você fez para mim e para os outros também? Quer bloquear porque a judeuzada vai ouvir verdades?!”. Ele termina a mídia fazendo a saudação nazista (“Heil Hitler”).
Os ativistas André D’Lucca e Wanderson Dutch denunciaram o conteúdo neonazista de Vanilla ao Ministério Público, protocolado pedido de investigação. No vídeo que a dupla denunciou, Vanilla orienta seus seguidores com as seguintes determinações: “Façam filhos brancos, mas não só brancos de cor, brancos de alma. Não adianta só a pelezinha branca não. Tá cheio de branquinho por aí que é esquerdista e maconheiro. Tá cheio de ariano que não é mais ariano, que já perdeu a identidade espiritual (inclusive, já tá pronto para reencarnar em porco ou algo mais horrendo)”. Ele segue dizendo que é preciso procurar a população ariana para promover a eugenia.

Apologia ao Nazismo é crime previsto pela Lei 7.716/1989, segundo a qual é crime: Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. A pena prevista é de reclusão de um a três anos e multa – ou reclusão de dois a cinco anos e multa se o crime foi cometido em publicações ou meios de comunicação social.
Além disso, a lei abarca o seguinte: Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo. Nesses casos, a pena possível é de reclusão de dois a cinco anos, além de multa.
Em suma, Victor Stavale explorou a dor e a busca espiritual de seus seguidores como produto de consumo: cursos pagos, pactos, mentorias, consultas espirituais, livros e promessas de transformação interior — muitas vezes a preços altíssimos e isso mostra o quão fácil é manipular emoções humanas com estética, narrativa e algoritmos — e como a busca sincera por sentido pode ser explorada por figuras que confundem performance com verdade. Existem dezenas de relatos de pessoas que investiram dinheiro neste palhaço enfeitado de satanista, acreditando em promessas de iniciação, evolução espiritual e prosperidade, descobrindo-se logo enganadas.
Atualmente o covarde fugiu para a Lituânia, onde está à vontade em meio ao lixo neonazista que ele tanto ama.
FONTE: DCM



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